Atualmente Vik reside em
Nova Iorque, no bairro do Brooklyn, para onde se mudou em 1983; aí ele também
instalou seu ateliê. Antes de deixar o Brasil, o artista estudou por algum
tempo Publicidade e Propaganda na Fundação Armando Álvares Penteado, a FAAP.
Nos Estados Unidos seu talento foi revelado por Charles Haggan, crítico de arte
do New York Times.
Fotógrafo, desenhista, pintor e
gravador
Vicente José de Oliveira Muniz cursou publicidade na Fundação Armando
Álvares Penteado - Faap, em São Paulo. Em 1983, passa a viver e trabalhar em
Nova York. Realiza, desde 1988, séries de trabalhos nas quais investiga,
principalmente, temas relativos à memória, à percepção e à representação de
imagens do mundo das artes e dos meios de comunicação.
Faz uso de técnicas
diversas e emprega nas obras, com freqüência, materiais inusitados como
açúcar, chocolate líquido, doce de leite, catchup, gel para cabelo, lixo e
poeira. Em 1988, realiza a série de desenhos The Best of Life, na qual
reproduz, de memória, uma parte das famosas fotografias veiculadas pela revista
americana Life.
Convidado a expor os
desenhos, o artista fotografa-os e dá às fotografias um tratamento de impressão
em periódico, simulando um caráter de realidade às imagens originárias de sua
memória. Com essa operação inaugura sua abordagem das questões envolvidas na
circulação e retenção de imagens. Nas séries seguintes, que recebem, em geral,
o nome do material utilizado - Imagens de Arame, Imagens de
Terra, Imagens de Chocolate, Crianças de Açúcar etc. -, passa a
empregar os elementos para recriar figuras referentes tanto ao universo da
história da arte como do cotidiano.
Seu processo de trabalho
consiste em compor as imagens com os materiais, normalmente instáveis e
perecíveis, sobre uma superfície e fotografá-las. Nessas séries, as
fotografias, em edições limitadas, são o produto final do trabalho. Sua obra
também se estende para outras experiências artísticas como a earthwork e as
questões envolvidas no registro dessas criações.
Acervos importantes
As fotografias feitas por
Vik Muniz fazem parte do acervo particular e de galerias em São Francisco,
Madri, Paris, Moscou e Tóquio, além de museus como Tate Modern e o Victoria
& Albert Museum, em Londres, o Getty Institute, de Los Angeles, e o MAM, em
São Paulo. A obra Boom, integrante da série The Sarzedo Drawings, de 2002,
fotografia de gelatina de prata com viragem, está disponível a apreciação no
Museu do Inhotim, em Brumadinho, Minas Gerais.
O artista plástico
brasileiro, é conhecido por usar lixo e
componentes como açúcar e chocolate em
suas obras.
O objetivo maior de Vik Muniz
é alcançar também o público que não costuma ir a galerias de arte, mas que
também fica fascinado com sua obra. Esse é
o maior reconhecimento profissional que o artista poderia desejar; ele fica
extasiado ao ver seu trabalho admirado por aqueles que se encontram à margem do
convívio social. (Fonte: InfoEscola)
"Há em Vik Muniz
(...) alguns traços que gostaríamos de abordar. Primeiramente, seu empenho no
'fazer', e não apenas na concepção de um trabalho, que é a tônica de sua
produção. Nesse 'fazer', está implícito seu domínio técnico para levar a cabo
uma ideia. Podendo partir da cópia de uma obra de arte ou de uma fotografia,
minuciosamente, com competência, pinça determinados artistas da história da
arte - Corot, Coubert, Monet, Da Vinci, Caravaggio, Rothko, Morris - pelo
desafio ou pela admiração? - reproduzindo a obra de 'outro' à sua maneira.
(...)
No caso de Vik Muniz,
quando reproduz à sua maneira a obra de 'outro', referimo-nos aos materiais por
ele utilizados, diversos daqueles empregados na obra selecionada por sua
vontade. Fotografias reproduzidas com açúcar ou com detritos de lixo, ou uma
Santa Ceia recriada com chocolate líquido implicam numa licença poética de alto
teor de criatividade. Sabe-se que, na história da arte, este artista não está
só em seus procedimentos. Já Arcimboldo, no século XVI, compunha, com rara
iventividade, perfis de personagens em 'assemblages' artificiosos de legumes,
frutas e vegetais. (...)
Na série elaborada com
chocolate líquido, por exemplo, sabemos que Vik reconstruiu essas imagens
através de um conta-gotas, com paciência quase oriental, e esse procedimento
continuou ao fotografar rapidamente a imagem fixada (...) em Cibachrome. O
processo do artista, decididamente maneirista, surpreende tanto pela similitude
da imagem original com aquela reproduzida como pelo frescor do brilho reluzente
da deliciosa coloração do chocolate que aflora nesses trabalhos. (...)
Aracy
Amaral
AMARAL, Aracy. Vik Muniz: o ilusionismo além da aparência especular. In: MUNIZ,
Vik. Ver para crer. Texto Aracy Amaral, Beth Wilson. São Paulo: MAM, 2001. p.
20-24.